Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
• Já não tenho tempo para lidar com mediocridades
. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
• Não tolero gabarolices.
• Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
• Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
• Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo.
• Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milénio.
• Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
• Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar DA idade cronológica, são imaturos.
• Não quero ver OS ponteiros do relógio avançando em reuniões de "confrontação", onde "tiramos fatos a limpo".
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou:"as pessoas não debatem conteúdos, apenas OS rótulos".
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a "última hora"; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus.
Caminhar perto delas nunca será perda de tempo.
Ricardo Gondim
http://www.ricardogondim.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário